sábado, 29 de outubro de 2011

FINADOS

O dia de finados será celebrado no dia 02 de Novembro. Neste dia costumaos visitar os cemitérios e rezar pelos nossos amigos, parente e familiares que já partiram. Talvez o dia de finados possa servir para uma reflexão. Mais do que lembrar as pessoas que já partiram, poderemos refletir sobre o sentido de nossas vidas. Mais cedo ou mais tarde também nós estaremos em algum cemitério. Nem sempre gostamos de pensar nisto. Mas, pensando ou não pensando, este dia chegará.

Aos olhos da fé, a morte não é uma tragédia, mas a passagem para a casa do Pai. Em Jesus temos a certeza da Vida Eterna. Talvez finados possa ser uma data em que pensemos na Vida Eterna. São João, na sua primeira carta nos diz "caríssimos, desde já somos filhos de deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é" (1J 3,2).
Para a nossa reflexão, deixo o artigo do Pe. Mário Glaab.

NOSSOS IRMÃOS FALECIDOS


Pe. Mário Fernando Glaab


Todos nós, com maior o menor intensidade, lembramos de nossos parentes, amigos e conhecidos que já não estão mais conosco: os falecidos. Isso é próprio de cada ser humano; aliás, se estamos na história é porque tantos outros influenciaram nessa própria história. Ninguém cai do céu como um meteoro, mas vem por sua família, por seus antepassados. Mesmo sabendo que viemos de Deus e a Deus retornaremos, sabemos também que Deus nos deu e dá a vida, junto e por meio dos demais seres humanos.A lembrança que temos de nossos defuntos não fica no abstrato, mas nos leva a expressões bem concretas. Os cemitérios são confirmação a disso. Contudo, não somente eles. Quem de nós não cultiva a memória de seus entes queridos mortos guardando lembranças deles, como fotografias, objetos que eram seus e, principalmente, rezando por eles? Entre nós católicos, o costume de oferecer missas pelos falecidos está muito enraizado. No dia dos finados, dois de novembro, ao visitar as sepulturas dos falecidos, levando flores e coroas, todos fazem orações; fazem memória do que era a vida com eles e, o que é a união em Cristo também hoje.As orações e as missas nas intenções dos falecidos se revestem de um sentido único. No imaginário comum, ou da grande maioria dos crentes, as orações têm por finalidade “lembrar” a Deus de que determinado finado merece o perdão de seus pecados e ser acolhido no céu. Aquele que reza, e mais ainda o que oferece a missa, sente-se como um “advogado”, defensor de alguém que quer receber a recompensa. Nas missas que manda rezar ele traz para o seu lado a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, para que assim, contando com esse valor infinito, o pedido ser reforçado e atendido. Não se duvida da boa intenção e do ato caritativo empreendido pelo orador e pedinte. Mas, não seria possível esclarecer e aprofundar um pouco mais em que poderia consistir uma verdadeira oração pelos mortos?Partindo do princípio de que Deus ama a todas as pessoas indistintamente, e que quer que todos se salvem, será necessário lembrar a Ele de que não deve esquecer-se dos nossos queridos falecidos? Não deveríamos ir um pouco além e, entregá-los, de nossa parte, totalmente nas mãos desse Deus que é amor infinito? O que poderia ser concretamente essa entrega? Sem dúvida, Deus é o primeiro interessado na salvação de todos os seres humanos. Ele faz tudo para ter todos e cada um sempre consigo. O que impede, de nossa parte, a acolhida da salvação de Deus em toda a sua plenitude, é a nossa finitude, a nossa incapacidade de corresponder com amor sem reservas ao amor total de Deus. Então, ao rezar por alguém ou fazer memória dele, muito mais do que lembrar a Deus o que lhe convém fazer pelo defunto, aquele que ora deve dispor-se a, na comunhão com todos os seres humanos, especialmente com os falecidos, vencer os obstáculos das limitações e lutar para construir uma realidade mais conforme os desejos do próprio Deus. Isso é, concretamente, trabalhar para que a maldade diminua e que o bem aumente. Rezar por um falecido pode consistir em assumir o compromisso de continuar as lutas que ele enfrentava; melhorar o que ele não conseguiu levar a termo: sanar as consequências de seus erros e aperfeiçoar suas virtudes. A oração propriamente dita consiste apenas no momento em que esse compromisso é atualizado, mas não se restringe ao momento, somente. Como verdadeiro gesto de amor para com o ente já falecido, nada melhor que seguir seus bons exemplos, levando-os adiante; fazendo-os melhor ainda, e ser grato por tudo. Mas, e as missas em sufrágio dos defuntos? Nada contra; tudo a favor! Bem entendido, todavia.Na celebração eucarística, em Jesus Cristo e com Jesus Cristo, fazemos memória de toda a nossa história – passada, presente e futura – e a apresentamos ao Pai. Nessa memória, justamente por ser em Jesus Cristo, oferecemos a Deus o que de melhor temos: a doação total de Jesus de Nazaré para que o mundo tenha vida. O importante é estar ciente de que nós estamos juntos com Ele ao oferecer o melhor (de nada adianta “mandar rezar uma missa” se não se participa dela verdadeiramente!). Somos envolvidos no mistério de amor de Cristo e, nele também podemos amar, pois ele é o caminho que nos conduz ao verdadeiro amor. Quando então, durante a Eucaristia, trazemos para a memória os defuntos, estamos comungando em Cristo também com eles. Aproveitamos o momento de especial comunhão de amor para nos enriquecermos todos na acolhida do amor de Deus. Participando com os finados do mistério da entrega total de Cristo – amor até as últimas consequências – dispomo-nos de modo único, a construir um único corpo, o Corpo de Cristo, também com os que já partiram.Portanto, ao visitar os cemitérios pela passagem do dia dos finados, ao contemplar as cruzes plantadas nas sepulturas, lembremo-nos de rezar por todos os falecidos; mas lembremo-nos também que rezar é muito mais do que repetir palavras – é compromisso de vida. Lembremo-nos também que as cruzes, na sua simbologia, vão além da morte e que apontam para a vitória do amor, a Ressurreição; ou ainda, a acolhida nos braços do Pai.


Postado por Frei Bruno Glaab Postagens mais recentes Início

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