sexta-feira, 18 de novembro de 2011

IMAGENS DE DEUS NA BÍBLIA



Frei Bruno Glaab


Introdução



Fazer uma incursão pela Bíblia para conhecer a Deus deveria, por si só, ser um caminho seguro. Ao menos se o leitor tiver uma visão fundamentalista. Entendendo a Bíblia como "ditado de Deus", então nos deparamos com uma imagem, às vezes, vingativa, ciumenta, racista e até assassina. Mas o tempo em que se lia a Bíblia como diatado de Deus já ficou para trás, ao menos para quem não é fundamentalista. No estudo, a seguir, veremos algumas possibilidades de conhecer a imagem de Deus na Bíblia. Partiremos do Antigo Testamento, principalmente de escitos do Pentateuco. Veremos as mais diferentes imagens para depois chegarmos ao Novo Testamento e conhecer o Deus de Jesus Cristo.


O Deus do Pentateuco


Na Bíblia encontramos as mais diversas imagens de Deus. Desde o Deus Criador, o Deus vingativo, o Terrível, o Justiceiro, o Justo até o Deus de Amor ilustrado por Jesus Cristo. Se apenas nos baseássemos no Atnigo Testamento teríamos uma imagem distorcida de Deus.

Vejamos, no Êx 20,2ss encontramos um Deus vingativo. Ele, falando para Moisés, se declara um Deus ciumento que castiga os pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos. No Sinai o povo não podia chegar perto de Deus, caso contrário deveria morrer (Ex 19,12). Este mesmo Deus ordena a Moisés, que os idólatras devem ser apedrejados (Dt 13, 7-12). se um casal for pego em adultério, deve morrer apedrejado (Dt 22,22). Ex 35,2-3 manda matar quem trabalhar no sá-bado. O mesmo texto proíbe acender fogo em nossas casas no sábado.


Se esta imagem de Deus nos estranha, ainda não é tudo. Este mesmo Deus deu ordens a Moisés que não se enquadram em nossos critérios, hoje. Poderia um pai vender sua filha? Segundo Ex 21,7-11, poderia. E, quem deu esta ordem a Moisés? O próprio Javé. Este mesmo Javé permitiu que se comprasse escravos entre os estrangeiros (Lv 25,44-46). Em Lv 15,19-24 se proíbe tocar em mulher menstruada, ou mesmo nos móveis que ela usou. É possível perguntar a todas as mulheres, nas lojas, no trabalho, nas ruas, nas igrejas, se elas estão menstruadas?
Em Lv 21,16-24 se proíbe aqualquer deficiente físico se aproximar do altar. Isto é correto? Em Lv 19,27 se proíbe cortar o cabelo e a barba. Em Lv 11,29ss se diz que se alguém tocar em um animal morto, ficará impuro. Pode-se ainda jogar futebol, pois a bola é feita de couro? Pode-se usar sapatos, pois são feitos de couro? Ao menos quem usar couro de jacaré.


Um mandamento estranho encontramos em Lv 19,19: "Não permitirás que os teus animais se ajuntem com os de espécie diversa [boi, cavalo, cão, etc];no teu campo, não semearás semente de duas espécies [milho, feijão, mandioca, etc.]; nem usarás roupa de dois estofos misturados [seda, lã, linho, etc.]". Idéias como estas e até mais extravagantes, podem ser encontradas, principalmente no Antigo Testamento.


Que Deus é este?


Ao leitor desavisado pode parecer que Deus falou diretamente a Moisés. Portanto, dizem os fundamentalistas, "quem somos nós para discutir as ordens de Deus?" No entanto, nem sempre Deus foi entendido assim. Já no Antigo Testamento temos imagens bem diferentes. Em Gn 1 Deus é o criador e nos versículos 26ss deste mesmo capítulo Ele cria o ser humano à sua imagem e semlehança. Em Is 49,15 se compara o amor de Deus ao amor da Mãe que nunca pode esquecer o filho que gerou, mas, mesmo que uma mãe o fizesse, Deus nunca se esqueceria de seus filhos e filhas. Já percebemos que a imagem de Deus começa a mudar. Nem sempre Deus é apresentado como carrasco, com mandante de apedrejamento e de outras maldades. Mesmo no Antigo Testamento, Deus é apresentado com ternura.


A verdadeira imagem de Deus


A verdadeira imagem de Deus nós é apresentada na pessoa de Jesus. Quando as autoridades ensinam que nem se deve pronunciar o nome de Javé, Jesus chama este mesmo Deus de Meu Pai e de Pai Nosso (Mt 6,7ss). Chama este Deus, visto como o terrível, de Abba (Mc 14,36). Abba era a forma familiar, ou seja, como as crianças se dirigiam ao pai, talvez como o nosso papai. As autoridades judaicas se enfureciam, vendo a intimidade com que Jesus tratava a Deus: "As autoridades dos judeus tinham mais vontade de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava até a dizer que Deus era o seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus" (Jo 5,18).

Mas, em toda a prática de Jesus, encontramos um verdadeiro retrato falado do Pai, tal qual Jesus o entendia, specialmente na parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). Nela o Pai nos é revelado como aquele que respeita a decisão do filho, até quando este se afasta dele. Quando o filho desviado volta, o pai já não quer saber de vingança, nem de cobrança, ou mesmo de punição, mas unicamente de festa.

Junto à imagem do Pai do filho pródigo, poderemos colocar o Pai invocado por Jesus na hora da cruz (Lc 23,34): Perdoai-lhes, pois não sabem o que estão fazendo. Só quem tem uma tão magna compreensão do Pai pode rezar assim, ou seja, ninguém mais do que Jesus poderia ter esta intimidade com o Pai.


Como entender esta evolução?


Como entender esta mudança de compreensão? Para os fundamentalistas isto fica complicado. Não, porém, para quem estuda a Bíblia com seriedade científica. Diríamos, no Antigo Testamento Deus não fazia ditado para Moisés ou para outros personagens bíblicos. O que encontramos no Pentateuco são condicionamentos históricos e culturais daquela época. Deus se revela a um povo que tem aquela compreensão e deus respeita a cosmovisão do povo de então. Trata-se do mesmo Deus do Pai de Jesus, mas neste tempo ele era muito pouco conhecido. As pessoas do tempo de Moisés só foram capazes de captar Deus assim.


Para compreender esta mudança radical na imagem de Deus desde o Antigo Testamento até o Novo precisamos usar uma imagem, ou uma metáfora. Queremos expressar isto por uma escada:





Imaginemos que o primeiro degrau seja a revelação que Deus fez a Abraão, o segundo degrau seja a revelação feita a Moisés, O terceiro, o quarto, o quinto degraus sejam os profetas e outros personagens do Antigo Testamento. Agora imaginemos que o último degrau seja Jesus Cristo. Então poderemos ter uma imagem correta da Revelação de Deus. Os degraus da escada vão nos elevando. Quanto mais avançamos, mais enxergamos. O degrau que nos introduz na casa do Pai é Jesus, por isto ele é chamado de a plenitude da Revelação. Em outras palavras, em Abraão temos uma imagem pálida de Deus (1º degrau). Já em Moisés (segundo degrau) temos uma imagem melhor, mas ainda insuficiente. Nos profetas já estamos alguns degraus a mais e a visão fica mais clara, mas a imagem verdadeira só teremos em Jesus. Este nos revela o Pai, tal qual o devemos entender. Nunca, no entanto, teríamos chegado a Jesus sem passar por Abraão, Moisés, profetas, etc.


Logo, o Deus vingativo, o tremendo, o punitivo, é o mesmo Deus de Jesus Cristo, mas visto de forma incompleta. Para entender a Deus, não temos caminho mais claro do que Jesus. Ele nos revelou o Pai no melhor sentido possível. Por isto se diz: quem quer conhecer o Pai, passa por Jesus. O que Jesus não revelou, não precisamos saber a respeito do Pai. Com isto não queremos dizer que o Pai não nos fala, ainda hoje, mas as chaves para entender o Pai, nos vêm de Jesus.


Conclusão


Deus é sempre o mesmo, desde Abraão até Jesus, e mesmo, até hoje. No entanto, a compre-ensão que dele temos, muda. Abraão teve uma imágem pálida de Deus. Moisés e os profetas tiveram uma imagem diferente, mas a verdadeira imagem de Deus se torna evidente apenas na pessoa de Jesus.




quarta-feira, 16 de novembro de 2011

VERGONHA, OU CASO DE POLÍCIA

Bruno Glaab
No início deste inverno dirigi-me a uma conhecida loja de roupas da cidade. Precisava comprar uma jaqueta. Era o que no momento eu precisava e o que cabia dentro do meu orçamento do mês. Ao escolher a peça de roupa, o balconista quase que me satura a paciência, tentando me convencer a comprar duas ou três jaquetas, mais algumas camisas, meias, pijamas, etc. Mostrei-me firme, dizendo que neste momento só queria uma jaqueta. Mas o balconista insistiu tanto em vender coisas que eu não precisava e nem sequer tinha condições de adquirir naquele momento, que cheguei a ficar desgostoso com a atitude dele. Quando, enfim, estava no caixa esperando a minha vez de pagar e retirar a jaqueta, ele me aparece novamente com algumas peças de roupas, dizendo: “ao menos pegue estas peças de lã na mão para sentir sua alta qualidade. Eu lhe faço um preço especial e a crédito”. Senti o sangue ferver e disse a ele que estava me sentindo molestado pela sua insistência em vender o que eu não precisava e nem tinha condições de comprar. Tive que ser um tanto mal educado para me ver livre de sua petulância.
Fiquei pensando, como estas lojas cometem abusos. Quantas pessoas se deixam levar pela insistência de balconistas e acabam se endividando e comprando o que nem sequer precisam. Depois ficam meses e anos pagando contas que só trazem preocupação e amargura. Repeti, para mim mesmo o bordão do Boris Casoy: “Isto é uma vergonha”.
Passaram-se alguns dias e eu precisava comprar um remédio para pressão alta. Com a receita na mão entrei em uma destas farmácias, supostamente populares e econômicas. Qual não foi minha surpresa ao perceber no balconista da farmácia a mesma preocupação daquele outro balconista da loja de roupas. Logo quis me vender uma porção de remédios que eu não havia pedido, nem sabia para que comprar. Disse a ele que só compraria aquele da receita. Ele insistiu: “mas eu tenho outro remédio, mais barato e melhor do que aquele de sua receita”. Diante de minha firmeza em não comprar nada além do preescrito, foi e me trouxe diversas caixas, dizendo: “se você comprar 4 caixas, lhe darei uma de presente”. Aí me trouxe uma porção de outros remédios para depurar o sangue, tônico, digestivo, para a memória, para dores, etc. Foi difícil sair sem comprar suas mercadorias.
Se as lojas de roupas cometem abusos contra o povo e a economia popular, as tais farmácias não apenas atentam contra a economia, mas contra a saúde pública. Se nas lojas de roupas nos endividamos comprando coisas desnecessárias, nas ditas farmácias, além de nos endividar, nos envenenamos, ou ao menos nos entupimos de remédios sem receita médica, o que pode ter amargas conseqüências para a nossa saúde. Se nas lojas de roupa acontece uma vergonha, nas farmácia acontece caso de polícia. Não está na hora de as autoridades sanitárias darem um basta nesta brincadeira das farmácias? Com saúde não se brinca.

ENTREVISTA DE QUEIRUGA

15/11/2011


‘Os ultracatólicos estão espalhando gravíssimas calúnias’, afirma Queiruga

O bispo de Bilbao, Mario Iceta, acaba de proibir que Andrés Torres Queiruga dê aulas no Instituto Teológico da diocese basca. Depois do avassalador sucesso do 26º Fórum Encrucillada, o teólogo galego deixa a direção da revista homônima editada pelo Fórum e garante que seu colega, José Antonio Pagola, é “um profeta”. Por outro lado, doem-lhe as “calúnias” dos ultracatólicos e o fato de que o arcebispo de Santiago, Julián Barrio, não utilize a mesma medida para com “atitudes escandalosamente reacionárias” e com “uma pastoral teimosamente pré-conciliar em muitas paróquias”.A entrevista é de José Manuel Vidal e está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 13-11-2011. A tradução é do Cepat.Eis a entrevista.


O sucesso de público e de expositores do 26º Fórum de Encrucillada demonstra que há sede de “explicadores” da fé sérios e livres?


Isso é evidente. A mudança cultural foi grande, e muitas explicações que se dão hoje são pratos requentados intragáveis para um paladar normal. Temos um autêntico tesouro, algo que o mais autêntico e profundo do ser humano deseja; mas aquilo que muitas vezes chega ao público, mais que refleti-lo o encobre. Por isso, quando se consegue uma apresentação ao mesmo tempo autenticamente evangélica e verdadeiramente atual as pessoas vibram e renascem o desejo e a esperança. Isso aconteceu, mais uma vez, no Fórum da Encruzilhada.


A que atribui o fato de que os setores mais ultracatólicos, em vez de se alegrarem com o êxito desta convocação, convoquem à fogueira?


Acima de tudo, ao desconhecimento. E não sei até que ponto se dão conta das gravíssimas calúnias que estão divulgando, algo certamente que na moral mais tradicional, que dizem defender, é pecado mortal. Em seguida, há uma atitude que cobre com um dogmatismo agressivo a ignorância da verdadeira interpretação da fé e de seu legítimo pluralismo; nunca distingue entre fé e teologia, entre o fundamental e o acessório. Repetem frases sem ter dedicado um mínimo de tempo para saber o que na realidade significam e opinam sobre opiniões de autores e livros que nunca leram. O que mais me custa a entender é que em nome do Deus amor se possa destilar tanto ódio; e que em nome de um Jesus enormemente renovador e mesmo “revolucionário” em sua interpretação da fé tradicional que ele havia recebido, se procure impor uma religião reacionária, que mata a voz viva do Evangelho. No fundo, reproduzem hoje os mesmos procedimentos e calúnias com que há 2.000 anos outros amargaram a vida de Jesus de Nazaré... até assassiná-lo.


Estas brigas de ‘galinheiro eclesial’ nos fazem perder energias e nos desviam do essencial?


Triste, mas evidente.


O Fórum se sente desautorizado pela recente e asséptica nota do arcebispo de Santiago?


Absolutamente não, porque tem o cuidado de não entrar nos conteúdos. Diz apenas que usamos o nosso dever e nosso direito de cristãos para buscar uma interpretação atualizada da fé. A única coisa que estranho é que, ao contrário, a arquidiocese nunca diga algo semelhante em relação a atitudes escandalosamente reacionárias, que não denuncie abusos muito graves na liturgia funerária ou que consinta com uma pastoral teimosamente pré-conciliar em muitas paróquias... e outros assuntos que algum dia deverão ser analisados detalhadamente, como aquele que convida todos os sacerdotes a irem a Valladolid para escutar o Kiko Argüello.


Você abandona a direção da revista Encrucillada, após 30 anos. Por quê?


Não abandonei a Encrucillada, com a qual continuo umbilicalmente unido e colaborando em seu conselho de redação. Foi uma mudança amplamente desejada, para que uma nova geração tome o testemunho. Minha maior alegria é que a transição se fez em plena saúde da revista e, além disso, com a expressa decisão e muito consciente de respeitar a independência total da nova equipe, que certamente está exercendo sua função de maneira magnífica.


Pedro Fernández Castelao garante a continuidade da revista e do projeto que aglutina a Encrucillada?


O Pedro une à sua excelente preparação teológica um caráter sereno, uma atitude sempre equilibrada e um profundo compromisso eclesial. É leigo, mas escolheu a teologia como única carreira de estudo. Infelizmente, não pode ensinar na Galícia porque, incompreensivelmente, os bispos galegos optaram por não ter uma faculdade teológica. Mas, por sorte, é professor na Pontifícia Universidade de Comillas.


Você acredita que José Antonio Pagola, com o qual esteve no Fórum, é um herege?


Um profeta. Os participantes do Fórum captaram e expressaram isso calorosamente. O Fórum, tão caluniado, foi um verdadeiro acontecimento de graça. Uma experiência ao vivo do que pode ser uma nova espiritualidade. Inesquecível. Mas quero assinalar que também se deve aos outros dois expositores.


Alguns consideram que os macro-eventos pastorais, como a JMJ, são um “sinal dos tempos”?


Sinal, sim. Fica a pergunta: de que tempos? Não a acompanhei de perto, mas tenho a impressão de que o sinal mais duradouro aconteceu nos sinais mais discretos de pequenos grupos, cuidadosamente preparados. Mas não mereceram a atenção da mídia, sem dúvida fascinada pelo macro.


Falando do Vaticano II, está sendo desativado?


A explosão de graça, vitalidade e esperança do Vaticano II é impossível que possa ser desativada. Era chuva profética que uma igreja e, inclusive, um mundo sedentos estavam esperando. E Isaías já disse que a chuva de Deus nunca retorna estéril ao céu. Sim, é preciso reconhecer que leva tempo, em rigor desde o começo, submetido à pressão de freios muito fortes. Seguirá em frente.


Uma vez anunciado o fim do ETA, o que acredita os terroristas que deveriam fazer?


Deixar as armas. Tornar-se cidadãos comuns e tratar de encontrar a melhor maneira possível de resolver suas pendências jurídicas, para se integrarem no jogo democrático.


Fonte: IHU 15/11/2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

MOSTRA-NOS O PAI! A QUE JESUS BUSCAMOS?

Pe. Mário Fernando Glaab

Não há dúvida de que buscamos seguir a Jesus para possuir Deus conosco. Todo esforço que fazemos para ser cristãos de fato, seguir a Jesus como nosso Mestre, é sincero. Mas isso não quer dizer que o buscamos sempre e automaticamente como ele se mostrou e pode ser encontrado. É tarefa para a teologia, às vezes urgente, esclarecer as questões, de maneira que possa ajudar a todos, no sentido de fazê-los refletir e dar-lhes condições para livremente se decidirem pelo caminho mais seguro. Portanto, ao colocar a questão que Jesus buscamos? não pretendemos questionar a boa vontade dos fiéis, mas levá-los a aprofundar a questão, para que assim, tenham mais condições de segui-lo e se comprometerem com ele e, especialmente, com o seu projeto de vida.

Jesus imaginado a partir da experiência de cada um


Toda experiência que fazemos se conserva em nossa memória pela imaginação. É impossível guardar o que experimentamos na pureza do acontecimento. Pelo fato de sermos indivíduos concretos, isto é, históricos, somos limitados pelo tempo e pelo espaço. Vivemos hoje e neste determinado lugar; e a experiência que fazemos leva as marcas dessas limitações.


Sem dúvida, os discípulos que nos transmitiram suas experiências com Jesus de Nazaré nos queriam comunicar que nele se encontraram com Deus. Experimentaram de forma única que Deus estava com aquele homem e que se “mostrava” a eles por meio dele. Os evangelistas e os demais escritores do Novo Testamento o fizeram, cada um do seu modo, apresentando o Homem de Nazaré do jeito como puderam experimentar nele o próprio Deus. Para tal, todavia, se valeram das concepções de seu tempo e de seu espaço. Isso, não resta dúvida, limitou bastante o que de fato queriam transmitir. Usaram, conforme podiam, os instrumentos que estavam ao seu dispor ao imaginarem como podiam compartilhar o que sentiram, viram, enfim, experimentaram. Certamente iremos encontrar os mais diversos acentos da figura concreta de Jesus, conforme o que mais impressionou ao escritor; para uns é Jesus amigo dos pobres, para outros, Jesus pregador da boa notícia, para outros ainda, aquele que acalma os mares etc. Entra, a essa altura, o trabalho imaginário de cada um. Aliás, o próprio Jesus mostra isso claramente quando se encanta diante da natureza e vê nela a bondade do Pai que cuida das flores, dos passarinhos (cf. Mt 6, 26-28), enfim, de tudo o que acontece no dia a dia. Também Jesus usa da imaginação, que não foi muito conforme a mentalidade religiosa da época. Enquanto o povo judeu cultivava uma imagem do Deus todo-poderoso, mas sempre pronto a punir os transgressores da Lei, Jesus com parábolas suprimiu essa idéia negativa.[1] O retrato imaginativo que ele passa do Pai é o de alguém que se preocupa com o bem de cada um, assim como com a harmonia da natureza. Isso não quer dizer que, conforme outros escritores, Jesus também não use outra imaginação, basta lembrar quando fala com autoridade, dizendo, por exemplo: “Eu sou...” (Jo 8,12; 9,5; 11,25; 14,6 etc.). Nesse caso, seu imaginativo de falar em nome do Pai, perpassa os relatos das palavras e das ações que realiza, tornando-os “sinais”.

As cristologias


Falando da imaginação que iluminava os discípulos de Jesus ao relatarem a sua experiência com ele, já se pode falar das diversas cristologias do Novo Testamento. Mas, essa conotação cristologia se fixa, de modo definitivo, quando se busca entender como as comunidades cristãs posteriores criam e anunciavam o Evangelho. Fato notável ocorre quando o cristianismo penetra na cultura greco-romana. Para que a fé da presença de Deus em Jesus, ou de que em Jesus o Filho de Deus está encarnado, fosse importante também para os de cultura grega e de cultura romana, toda linguagem necessitava de nova compreensão, isto é, da compreensão imaginativa que fosse válida para os novos interlocutores. Assim, várias cristologias surgiram. Muitas discussões sobre as novas compreensões. Não faltaram condenações, uma vez que os erros pululavam por toda a parte. Mas, aos poucos se fixaram as regras que para o momento eram o mais conveniente. Isso aconteceu nos concílios cristológicos, de Nicéia (325) e de Calcedônia (451), para falar somente dos mais importantes. O ensinamento desses concílios[2] é conhecido como doutrina clássica e comunica a visão de Jesus como Deus, em primeiro lugar. Uma vez apresentado assim, toda a leitura de suas palavras e de seus feitos vão por esse caminho: Jesus conhecia tudo por ser Deus, Jesus ensinava por seu Deus, Jesus fazia milagres por seu Deus, Jesus ressuscitou por ser Deus. Jesus como Homem não se impôs com a mesma intensidade.[3]


Cada cristologia tem sua prática correspondente. Se a compreensão imaginativa de determinada cristologia é que Jesus é Deus, consequentemente segue uma prática que lhe corresponde; assim como sendo de que Jesus é aquele que leva ao Pai, também a prática que segue essa visão lhe corresponde. Muitos séculos se passaram desde as primeiras compreensões e primeiros testemunhos. Muitas tentativas de atualização se sucederam. Entre tantas, algumas tiveram muitos sucessos, outros menos. Também aqui e agora, isto é, hoje e em nossa sociedade brasileira, existem diversas maneiras de se aproximar do mistério de Jesus Cristo. São duas, no entanto, as cristologias que mais se destacam que, conforme sua compreensão imaginativa, influenciam bastante sobre a experiência concreta dos fiéis e das igrejas. São elas: a que parte de Jesus-Deus e a que parte de Jesus que leva a Deus ou de Deus-em-Jesus.

Jesus-Deus


Essa é a mais tradicional e que responde à concepção do que foi ensinado por muitos anos. Quando no Concílio de Nicéia se afirmou que em Jesus está a natureza de Deus mesmo, isto é, que o Filho de Deus encarnado é da mesmíssima natureza de Deus, não se quis diminuir a natureza humana de Jesus. Contudo, para evitar que isso acontecesse, foi preciso que outro Concílio, o de Calcedônia, declarasse que Jesus é também humano como nós (consubstancial ao Pai e consubstancial a nós). Sem dúvida, grande conquista. Contudo, mesmo que se insistisse na única pessoa de Jesus Cristo, esta visão deu oportunidade para se fazer uma ruptura entre Deus e Homem na única pessoa. Conforme a ação, dizia-se que era de Deus; ou então, que era do Homem. Foi se impondo, aos poucos, que “o retrato de Jesus legado pelo Concílio (de Calcedônia) foi que Jesus era um indivíduo divino que também portava uma natureza humana integral”.[4]

O compromisso que segue essa visão de Jesus-Deus não pode ser outra que de se aproximar dele para “possuí-lo”. Ele é o que tem poder. Quem o possui pode esperar tudo dele. Ele vai ter que caminhar conosco, defendendo contra todos os males que existem pelo mundo afora. Ele deve perdoar, assim como deve mandar constantemente o seu Espírito para que tudo seja iluminado e que assim não se desvie do caminho certo. As orações que lhe são dirigidas são quase sempre petições. Jesus-Deus deve fazer isso e aquilo; deve proteger, deve converter os pecadores, deve, deve, deve! Igualmente, tal imaginação dá segurança para os fiéis observadores das leis. Aquele que fez tudo; cumpriu os mandamentos, pode estar certo de que Jesus o protege. Chega-se ao cúmulo de pensar que depois de participar da missa dominical o resto do dia está garantido.

Deus-em-Jesus


Bem outra é a visão de Deus-em-Jesus. Sua redescoberta é mérito, em grande parte, da Teologia da Libertação. Volta-se o interesse principal para o Jesus histórico, Jesus de Nazaré, como comumente é chamado. Não se nega em nada a verdade do verdadeiro Deus e do verdadeiro Homem, mas muda-se o jeito do encontro com ele. Se no primeiro caso se vai a Jesus-Deus para “possuí-lo”, agora se vai a ele que vem, para “estar com”.


Outra maneira de entender é seguir a experiência dos apóstolos e dos demais que se encontraram com Jesus em situações bem concretas de tempo e de espaço. Eles viram um homem que os levou a algo que o transcendia, mostrou-lhes que Deus não é um Deus distante, mas um Deus próximo. Deus que é Pai. Pois, “em Jesus, a vivência do Pai constitui o núcleo mais íntimo e original de sua personalidade. Dela emana para ele uma confiança sem limites que até hoje torna inconfundível a sua figura”.[5] Ele os convidava a “experimentá-lo”, e, para segui-lo. Estabelecendo-se assim a relação mestre-discípulo. Tudo o que Jesus dizia e o que fazia levava-os à experiência do Pai que está presente com seu amor incondicional. Seguir ao Deus-em-Jesus não garante segurança, mas, muito pelo contrário, oferece risco. Contudo, a confiança na presença do Pai leva a se comprometer com o mesmo projeto de Jesus, dispondo-se a seguir seus passos e entregar a vida pela mesma causa. Deus, sem dúvida, está em Jesus, mas, ao invés de pedir, muito mais necessário é acolher. A experiência mais profunda de sua presença amorosa se faz, como Jesus fez, compartilhando a vida com os mais pobres, com os doentes e com os pecadores. Esta é a cristologia que foi e está sendo descoberta, passo a passo, em nossas comunidades. Ela encontra muita resistência de grupos tradicionais, mas avança lenta e progressivamente.


O compromisso que segue a essa visão não poderia ser outro: o discipulado. Ser discípulo não é ficar “sentado” aos pés do mestre; mas, é caminhar com ele por onde ele anda. Pode-se facilmente imaginar onde anda Jesus de Nazaré em nossos dias! Ele próprio o deixou claro quando falou das obras de misericórdia (cf. Mt 25, 31-46), porém, mais ainda quando foi levado para o Calvário. Bem mais que repetir longas orações com pedidos, o discípulo de Jesus que está com o Pai, agradece sempre de novo por ter sido convidado a segui-lo; renova sempre de novo a disposição de estar com ele por onde for. Assim, o Reino que Jesus implantou continua produzindo frutos, agora e aqui, onde está o discípulo.

Conclusão


A busca de Jesus Cristo, quando é sincera e levada a sério, não pode escapar da pergunta: a que Jesus buscamos? Está mais do que na hora, quando vemos tantas igrejas cristãs, cada um com o “seu Jesus”, tantos católicos com o “seu Jesus”, de encarar a questão. Esse Jesus que todos procuram e que afirmam possuir é de fato o Jesus que andou pelas ruas da Palestina e que foi revelado por Deus como o seu Filho Amado? Quais transformações ele provoca em seus seguidores? E estes, por sua vez, como vivem sua fé na sociedade onde estão? O Reino de justiça e paz está sendo implantado progressivamente, ou os pretensos seguidores dele se isolam nos espaços de seus templos, “só para louvar o Senhor”?


Talvez Jesus esteja bem mais próximo de nós do que pensamos. Mais do que ser possuído por nós ele quer nos possuir. Mas, para que isso aconteça, é preciso descobri-lo na humildade e na simplicidade do irmão sofredor. Lá ele não está escondido, como infelizmente alguns afirmam, mas continua a estender a mão para que a vida seja compartilhada. E, onde há partilha da vida, Deus aí está. Aí ele mostra o Pai e, já não é mais preciso dizer: “mostra-nos o Pai!” Então, a que Jesus buscamos?

Referências bibliográficas

DENZINGER, H. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral, São Paulo, Loyola e Paulinas, 2007.
HAIGHT, Roger. O Futuro da Cristologia, São Paulo, Paulinas, 2008.
QUEIRUGA, Andrés Torres. Creio em Deus Pai – O Deus de Jesus como afirmação plena do humano, São Paulo, Paulinas, 1993.
QUEIRUGA, Andrés Torres. Repensar a Cristologia – Sondagens para um novo paradigma, São Paulo, Paulinas, 1998.
[1] Cf. HAIGT, R. O futuro da Cristologia, p. 21.
[2] Cf. DENZINGER, H. Compêndio, 125 e 301.
[3] Interessante notar que na linguagem comum alemã Jesus é denominado Herrgott (Senhor Deus).
[4] HAIGT, R. O futuro da Cristologia, p. 20-21.
[5] QUEIRUGA, A. T. Creio em Deus Pai, p. 96.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE - A HERESIA DOS NOSSOS DIAS

Pe. Mário Fernando Glaab


"Se Deus quiser", é o que mais se ouve quando o assunto é sonhos e desejos das pessoas. Ainda mais quando elas estão em situações complicadas nas quais as forças humanas parecem falhar. Como resolver certas questões que fogem às capacidades materiais, intelectuais e profissionais dos indivíduos? O jeito é apelar para soluções religiosas. Deus pode e deve intervir, pois ele é o todo-poderoso, afirmam. O segredo a ser descoberto não está no poder dele, mas na forma de se chegar melhor a ele, isso é, por meio de que religião ou de quais práticas piedosas; onde funciona melhor tal acesso, ou por onde se chega antes? E, por outro lado, não se tem nenhum escrúpulo em afirmar, quando as coisas não deram certas, quando faltou sorte, que "Deus não quis!" Acidentes, doenças, reprovações em provas, insucessos nos negócios, tudo acontece porque "Deus não quis". Pior ainda, por vezes, quem leva a culpa daquilo que não deu certo é o diabo. Pobre do diabo! - Bode expiatório das incompetências humanas.
Explorando a confiança em Deus, tão enraizada no povo simples de todos os tempos, surge, com forte poder de sedução, a heresia da teologia da prosperidade. Ela não é novidade de nossos dias, mas nos últimos tempos cresceu e assumiu proporções assustadoras. Por sobre os desafios cada vez mais prementes da sociedade atual, ela encontra terreno fértil. É bem mais confortável "confiar" em Deus do que arregaçar as mangas e ir para a luta. Quando, por omissão ou incompetência, não se alcança o esperado, jogar a culpa em Deus ou no diabo, também é mais fácil. Contudo, isso não é somente fruto de uma doutrina mal entendida do costume de rezar para pedir sucesso nos empreendimentos; mas é planejado e ensinado por pegadores interesseiros. Não há dúvida de que já desde o início da era cristã, esse aspecto, por falta de conhecimentos e por interesses estranhos, existiu e persistiu. Basta lembrar os abusos na Idade Média com a venda de indulgências que provocaram a revolta dos reformadores. Em nossos dias, no entanto, o problema está tomando proporções alarmantes.
Tudo parte da concepção de Deus que se tem e que é ensinada, tantas vezes ta distante do Deus bíblico. O Deus que se revela na bíblia, principalmente no Novo Testamento, é o Deus-amor (cf. 1 Jo 4,16). Ele não sabe fazer outra coisa a não ser amar. Ele não pode querer o mal nunca; e nem sequer pode não querer o bem de suas criaturas, especialmente de seus filhos e filhas. Ao ser coerente com a visão bíblica de Deus não se pode admitir que Deus-amor possa "permitir" que o mal aconteça para alguém. O mal existe porque as criaturas são limitadas e, como tal, sujeitas a ele. Os seres humanos provocam-no ao usar inconvenientemente a liberdade, que também é finita. Contudo, o apoio e a graça de Deus estão sempre ao dispor de cada um, sem discriminação. Deus não ama mais um do que o outro, só porque este fez algo de bom; e Deus não deixa de amar alguém porque fez algo errado; isso porque Deus é bom. É sempre bom saber que Deus ama cada ser humano não porque o ser humano é bom, mas porque ele é bom. Deus fez o ser humano bom por ser o Deus de bondade. Este é o núcleo central do anúncio de Jesus de Nazaré. E é essa Boa Nova que precisa ser descoberta sempre de novo. Ela se encontra não em abstrações aéreas, mas no encontro vivo com a pessoa, a história e a vida concreta de Jesus de Nazaré, que hoje se torna possível quando se tem os pés no chão, isso é, quando se experimenta a presença e a ação dele na vida do planeta, principalmente na vida ameaçada dos seres humanos. A vida ameaçada grita mais forte no rosto dos pobres de todos os tipos: pobres de bens materiais, pobres de cultura, pobres de fé, pobres do sentido da vida. Aí é que o anúncio vivo do Evangelho se torna verdade. Verdade que é compromisso de transformação. O Homem de Nazaré está aí, não para com um toque de mágica resolver todos os problemas dos humanos, mas para doar continuamente a sua vida, para que todos tenham vida em abundância (cf. Jo 10,10). Uma vez de posse dela, partilhá-la entre si, e assim, ajudando-se mutuamente, vencer o mal pelo bem.
Por isso é mais do que urgente redescobrir o verdadeiro Deus bíblico, o Deus de Jesus de Nazaré. Muitos deuses falsos apareceram durante a história. O que muda é a maneira como eles se apresentam. Mas na essência são sempre os mesmos. Para enganar, eles são tentadores: prometem tirar as cruzes dos ombros de seus seguidores, aliciam com promessas de prosperidade, muito sucesso nos negócios e, aliviam as consciências dos faltosos jogando a culpa no diabo. Assim vale a pena viver! Todavia, em sã consciência, pode-se dizer que é esse o Deus revelado em Jesus de Nazaré?
No mundo globalizado onde tudo vale quando dá lucro, onde as leis do comércio ditam as regras, também as religiões são envolvidas no mesmo emaranhado. Se no passado havia abusos que exploravam a fé das pessoas, hoje eles são mais numerosos. Não se teme tomar o nome de Deus em vista de vantagens pessoais ou do grupo. Existem inúmeros os pregadores que literalmente vendem graças, bênçãos e curas, tanto físicas como espirituais. Quanto mais o fiel investe orando e pagando, tanto mais Deus é obrigado a atender. Os diabos são expulsos pela força que o pregador diz possuir – mas não faz uso desse poder sem esperar algo em troca. Contudo, essa prática não se restringe apenas a certos grupos mais exaltados, está presente em quase todas as igrejas. Algumas conseguem camuflar e elevar o nível das pregações, mas não estão livres da visão errada de Deus e da prática religiosa. O que querem é "aproveitar" do desejo de ser bem-sucedido, tão em voga no homem contemporâneo, e assim fazer adeptos e levar vantagens. Como diz um teólogo: "Não obstante as diferenças históricas, as indulgências de ontem e os rituais de prosperidade de hoje tomam como base da operação religiosa o desejo humano de ser bem-sucedido nessa e na outra vida" (João D. Passos). É a teologia da prosperidade que se constitui em heresia, mais perigosa hoje que no passado.
De quem é a culpa? Sem querer apontar um culpado, convidamos à reflexão. Se as igrejas se preocupassem mais em ter suas doutrinas sempre atualizadas, bem explicadas e acessíveis aos fiéis em geral, será que não mudaria muita coisa? Ter consciência, como diz outro teólogo, que "a teologia deve ser viva e estar a serviço da vida, mesmo que para tal tenha de repensar aquilo que outrora era verdade inquestionável" (Silas Guerriero) não ajudaria a evitar tais abusos? Quem sabe, se de fato a teologia se tornasse importante, isso é, fizesse o seu papel de interpretar as coisas deste mundo à luz da fé, dar a elas o seu sentido último em cada época e em cada situação; se os teólogos fizessem o seu trabalho com dedicação e sinceridade, visando a verdade sem interesses próprios; se os pregadores dessem mais atenção aos teólogos; e, se os fiéis não engolissem qualquer pregação, mas se perguntassem sobre sua origem e seriedade, a heresia cairia vertiginosamente.
A heresia da teologia da prosperidade somente será vencida quando cada um e cada uma assumir a sua dignidade e, consequentemente, os seus compromissos. O ser humano é sempre finito e assim se depara com suas limitações. Precisa, no entanto, assumi-las com responsabilidade. Não atribuir a Deus o que cabe a ser humano fazer e, igualmente não culpar a Deus ou ao diabo pelos seus erros e suas limitações.


Referências bibliográficas


PASSOS, João Décio. Ser como Deus: críticas sobre as relações entre religião e mercado, in: BAPTISTA, P. A. N. e SANCHEZ, W.L. Teologia e Sociedade: Relações, dimensões e valores éticos, São Paulo: Paulinas, 2011.
GUERRIERO, Silas. A diversidade cultural como desafio à teologia, in: BAPTISTA, P. A. N. e SANCHEZ, W.L. Teologia e Sociedade: Relações, dimensões e valores éticos, São Paulo: Paulinas, 2011.